Lições do estábulo
(Vitor Galdino Feller)
O Natal é ocasião para peguntar-nos por que o filho de Deus quis nascer em um estábulo, filho de uma adolescente pobre de aldeia desconhecida, protegido por um carpinteiro. Poderia ter nascido em berço de ouro, filho de imperador poderoso, de general conquistador ou de filósofo famoso.
Se o mistério da encarnação de Deus deu-se desta maneira tão simples e sóbria, algum ensinamento há por trás disso. Certamente, Deus quis dar um basta às imagens que dele se faziam e, infelizmente, ainda hoje permanecem: Deus do poder, do triunfo, aliado dos grandes, justificador das opressões e repressões, que exclui os pequenos e pobres.
Ao nascer num estábulo e ser posto em uma manjedoura, o filho eterno de Deus pai quis identificar-se com os últimos. Revelou-se pequeno e pobre. Na teologia cristã usa-se o termo quênose, proveniente da língua grega, para significar disponibilidade de Deus de sempre buscar o rebaixamento, a humilhação, o despojamento.
Na história da revelação bíblica, na sua aliança com o povo de Israel e, depois, na vida, ministério e morte de Jesus de Nazaré, Deus sempre situou-se do lado de baixo. Nos evangelhos há uma série de expressões, aparentemente contraditórias, que carregam verdades significativas: "os últimos serão os primeiros";"a pedra rejeitada tornou-se pedra angular"; [...], "derrubou os poderosos e exaltou os humildes".
Enquanto nosso movimento é subir, Deus decide descer. Estar no topo não combina com o Deus cristão. Busca-se Deus na prepotência e na arrogância do poder. Mas ele quer ser encontrado na pobreza e na sobriedade dos pequenos gestos de amor em favor dos últimos, de quem quis se aproximar.
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