SANTO PADROEIRO
Quantas homenagens!
Óh , Santo Padroeiro!
Teu povo não te esquece,
simples como as honras que presta.
Festeja a vida, junto desta fogueira,
tão antiga e simples como a vida pela qual suplica.
São João dos Campos Novos,
de terra tão antiga, histórias de plantios e colheitas,
invernadas e canhadas,
nevadas e geadas,
campos e ermitões;
São João, entre os primeiros santos cristãos,
tal qual tua sina,
os mais simples entre nós foram-se cedo demais.
E continuamos, nós, a acreditar na vida aqui construída e a ser melhorada.
São João dos Campos Novos, quantos já passaram e nada fizeram em terra tão generosamente abençoada pelo criador?
Quantos desdenharam e desdenham a cultura simples dos campos?
Quantos não acreditam no jeito franco e atracado da sua gente tão acolhedora e escancarada quanto o planalto?
Santo Padroeiro,
por aqui passaram os farrapos e caboclos do contestado,
e até um monge, teu xará de primeiro nome:
João, o Maria, tido como santo e que teria, em vidência, almadiçoado nossa “sorte”.
Faço-te um desafio-pedido, São João, o Batista.
Ajuda-nos a mudar nossa história,
que de centralizada e parada em alguns seja a história do progresso sustentável de todos.
O monge, Maria, não é o São Padroeiro da nossa fé,
tão somente símbolo da contradição cujo bojo carrega nossa capacidade de mudança.
De uma devota camponovense
Denise Ottonelli , Campos Novos, 24/06/00.
Jeito da Roça
No terreiro batido
bem perto do poço,
de terra barrenta
faço meu alvoroço...
Meus dias, aqueço:
sustento-me de galhos
na chama vermelha .
Sob calor , esqueço ...
Farto-me da fartura
deste pequeno sertão
no barro aquecido
deste forno-fogão.
(Junho/00 - Denise Ottonelli)